terça-feira, 6 de novembro de 2012

1911 - O INCÊNDIO NA TRIANGLE


O incêndio que aconteceu no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, tecelagem de Nova York, matou 146 mulheres, entre 13 e 25 anos, na maioria imigrantes italianas e judias, que trabalhavam na fábrica. A tragédia só matou tanta gente por que as portas do galpão ficavam trancadas por fora, para impedir que as trabalhadoras deixassem seus postos ou roubassem mercadorias. O incêndio e sua cobertura na imprensa deram uma grande força ao movimento dos direitos trabalhistas nos EUA no início do século.

Há várias versões para a origem do Dia Internacional da Mulher, mas todas remetem a greves de trabalhadoras têxteis desde a Revolução Industrial. Em 8/3/de 1857, tecelãs de Nova York realizaram uma marcha por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária e igualdade de direitos. Na época, a jornada de trabalho feminino chegava a 16 horas diárias, com salários até 60% menores que os dos homens.

Além disso, muitas sofriam agressões físicas e sexuais. Uma das versões do desfecho da marcha é a de que as manifestantes teriam sido trancadas na fábrica pelos patrões, que atearam fogo no local, matando cerca de 130 mulheres. O fim mais aceito, porém, é o da interrupção da passeata pela polícia, que dispersou a multidão com violência. A versão do incêndio é, provavelmente, uma confusão com a tragédia da Triangle Shirtwaist Company.

A falta de medidas de segurança do local - as portas teriam sido trancadas para evitar a saída das empregadas - foi apontada como o motivo do alto número de mortes. O episódio foi um marco na história do trabalho operário americano. Vários protestos se seguiram nos 8 de março seguintes. Um dos mais notáveis - também reprimido pela polícia - ocorreu em 1908, quando 15 mil operárias protestaram por seus direitos.

Em 1910, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs que a data fosse usada para comemorar as greves americanas e homenagear mulheres de todo o mundo. A greve das trabalhadoras de Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia, em 23 de fevereiro de 1917 (8 de março no calendário ocidental), também foi um marco da data. Hoje, ela é símbolo da luta pelos direitos da mulher, e foi oficializada pela Unesco em 1977.

A Triangle Company ocupava os três últimos andares do edifício Asch, de dez andares, que fazia esquina entre as ruas Greene Street e Washington Place, e empregava cerca de 600 trabalhadores, a maioria constituída por mulheres jovens imigrantes que trabalhavam 14 horas por dia, em semanas de trabalho de 60-72 horas, costurando vestuário por modestos salários entre os 6 e os 10 dólares por semana.

A empresa já se tornara midiática em 1909, com uma grande greve de mulheres costureiras coordenadas pelo histórico sindicato International Ladies' Garment Workers' Union, que tentava negociar um acordo coletivo; a Triangle teria se recusado a assinar o acordo.

As condições da fábrica eram as típicas da época: têxteis inflamáveis guardados em toda a fábrica, fumar era frequente, a iluminação era a gás e não existiam extintores de fogo. Durante a tarde de 25 de março de 1911, irrompeu um incêndio. Os operários do décimo e oitavo andares foram notificados e a maioria salvou-se. No entanto, o alerta para o nono andar tardou a chegar.

O nono andar dispunha de duas saídas apenas. Uma escadaria já se encontrava cheia de fumaça e chamas quando os operários se deram conta de que o edifício estava em chamas. A outra porta estava fechada, ostensivamente, para evitar que as operárias roubassem materiais ou fizessem pausas. A única saída de emergência, exterior, depressa se arruinaria pelo peso das operárias que tentavam escapar. O elevador também parou, eliminando essa possibilidade de fuga.

Percebendo que estavam sem saída, e devido ao calor intenso, algumas trabalhadoras lançaram-se das janelas, a uma altura de nove andares. Outras forçaram as portas do elevador, lançando-se pelo fosso. Poucas sobreviveram a estas quedas. As restantes esperaram até que o fogo as consumisse. Os bombeiros chegaram rápido, embora não houvesse escadas disponíveis que dessem acesso além do sexto andar. Um único sobrevivente foi encontrado, estando próximo do afogamento. O total de mortos foi de 146, sendo que 91 pereceram no incêndio e 54 nas quedas.






Um comentário:

  1. Alvaro, parabéns pelo artigo; a propósito, a "HBO" estará exibindo um documentário a respeito desta tragédia neste mês; a saber:
    HBO HD dom, 10/03/2013 03:50
    HBO dom, 10/03/2013 06:45
    HBO HD seg, 18/03/2013 02:20
    HBO HD ter, 19/03/2013 17:40
    HBO HD sex, 22/03/2013 00:25
    HBO HD sex, 29/03/2013 06:25
    Max qui, 18/04/2013 10:10
    Max seg, 22/04/2013 17:10

    Um abraço
    Renato

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