terça-feira, 6 de novembro de 2012

1870 – GUERRA DO PARAGUAI



A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Ela foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada “Guerra de la Triple Alianza”, na Argentina e Uruguai, e de “Guerra Grande”, no Paraguai.


O conflito iniciou-se com a invasão da província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai sob ordens do presidente Francisco Solano López (esq). O ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai, em 1863, que pôs fim à guerra civil uruguaia ao depor o presidente Atanasio Aguirre, do Partido Blanco, e empossar seu rival colorado, Venancio Flores. López temia que o Império brasileiro e a República Argentina viessem a desmantelar os países menores do Cone Sul. Para confrontar essa suposta ameaça, López esperava contar com o apoio dos blancos, no Uruguai, e dos caudilhos do norte da Argentina. O temor do presidente paraguaio levou-o a aprisionar, em 11 de novembro de 1864, o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província de Mato Grosso, mas que o governo paraguaio suspeitava que contivesse armas. Seis semanas depois, o Paraguai invadiu o Mato Grosso. Antes da intervenção brasileira no Uruguai, Solano López já vinha produzindo material bélico moderno, em preparação para um futuro conflito.


 Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de suas tropas morreram durante a guerra. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.



A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% de seu território para o Brasil e Argentina. Após a Guerra, por décadas, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.

A Guerra do Paraguai marcou a história militar brasileira como a maior empreitada já feita por nossas tropas. Contudo, a grandiosidade desse feito também foi marcada por  escolhas que não deixam de conferir lamentáveis aspectos a esse momento da história nacional. Apesar das motivações evidentes para a participação brasileira no conflito, sua condução ganhou um desfecho que rouba o brilhantismo da ação.

Indubitavelmente, o tom agressivo da política expansionista do ditador paraguaio, Solano Lopez, dificultava a criação de qualquer outro tipo de solução que escapasse ao confronto direto. A própria maneira abrupta com que as forças paraguaias se indispuseram com o Estado brasileiro e as antigas rixas perpetuadas junto aos argentinos mostravam os grandes empecilhos criados. Por mais simples e coerente, a proposta tupiniquim de livre navegação na bacia platina se tornou uma mera utopia.

A inserção dos brasileiros na guerra teve uma relativa importância na construção de um sentimento de nacionalidade. O  inimigo comum, as celebrações patrióticas e a participação de indivíduos de classes sociais diferentes permitiram uma experiência comunitária nunca antes observada. As instituições militares foram prestigiadas e celebradas como mantenedoras de nossa soberania.

Para alguns historiadores, o grande erro que transformou a Guerra do Paraguai em uma lastimável experiência tem a ver com a teimosia do imperador Dom Pedro II e de seu genro, Conde D’Eu. No início de 1869, as forças da Tríplice Aliança já não tinham nenhum batalhão que pudesse ameaçar sua visível superioridade bélica. Nessa mesma época, as forças aliadas já haviam conseguido tomar a capital Assunção e o ditador paraguaio havia se afugentado na região das cordilheiras.

Teoricamente esse teria sido o momento ideal para que aquela desgastante guerra de quatro anos chegasse ao seu fim. O ressentimento causado por aquela guerra fez com que as autoridades brasileiras se mostrassem favoráveis à captura do refugiado Solano Lopez. Durante mais um ano, os exércitos do país tiveram que dar continuidade àquela luta que passava a perder completamente o sentido. De justificável, a guerra se tornava um prato cheio para todos aqueles que se opunham politicamente ao governo imperial.

Sem contar com mais nenhum tipo de contingente minimamente preparado, Lopez fez a convocação obrigatória de mulheres, crianças e idosos que estavam ao seu alcance. A morte desses indefesos acabou dando o fim trágico que o conflito poderia de diversas formas ter evitado. Até que Solano fosse finamente morto, em março de 1870, um grande número de vidas foi brutalmente ceifado pela teimosia de nossas autoridades.




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